Dia frio de Agosto, Pousada vazia, eu de "castigo" na recepção cobrindo o Domingo de folga da Recepcionista, já li as duas Veja de cabo a rabo, cenário meio desanimador...então só me resta escrever para passar o tempo. Ontem eu estava muito a fim de rodar, dar um pulo em Sapucaí-Mirim-MG com os amigos das VStrom, o mesmo povo do rolê da semana passada, mas o tempo por aqui não ajudou...frio e chuva, aí desisti pois uma coisa é pegar chuva na estrada e isso é aceitável e inerente ao nosso veículo, mas, sair com chuva é desanimador!!! Vamos aproveitar então o dia de hoje, propício, para falar de "MOTIVAÇÃO". Durante 75 dias fazendo exatamente a mesma coisa que será andar de moto, por longos trechos, sozinho, carregando e descarregando a moto, é de se imaginar que uma hora isso canse e irrite fazendo com que o objetivo final, eventualmente possa ser comprometido. Para que isso não aconteça tão cedo será necessário motivar-se a todo momento e para isso ainda não sei o que encontrarei pela frente pois tudo é uma incógnita. Como escrevi alguns "posts" atrás, a viagem será dividida em 3 fases e a primeira delas será de Ilhabela ao litoral da Colômbia e neste trecho acredito estar muito empolgado e rendendo muito bem, até porque rodarei pelo Brasil com a facilidade da língua e de sangue e equipamento novo. Ao fim deste trecho será a parte mais complicada da viagem (acredito eu), psicologicamente falando, pois começam as dúvidas e os serviços burocráticos para o embarque da moto e será a primeira vez que iremos nos separar, nos encontrando novamente somente no Panamá, com o stress de um eventual dano a moto e/ou equipamentos. Passada essa fase, encararei América Central até a fronteira do México/EUA e, com informações de amigos (Andressa, Germano, Erik), que passarei por apuros com as autoridades locais no quesito aduanas e polícias e aqui terei a prova de fogo pois serão pelo menos 5 fronteiras as quais pretendo fazer o mais rápido possível na ida portanto esperas de 5 horas para simples tramites burocráticos tiram a paciência de qualquer um tendo como unica vantagem o aprendizado a ser utilizado na volta. O trecho imaginário da fronteira dos EUA até o Alaska se mostra, teroricamente, mais tranquilo pois estarei rodando em países desenvolvidos, mas em contrapartida a tocada terá que ser responsável, a monótonos 110 km/h fazendo com que os dias rendam menos do que em territórios que se pode acelerar bem mais, mas cada vez mais se aproximando do objetivo acredito que estarei bem empolgado e trabalharei muito para que assim seja. Chegada, euforia, animação e....agora a volta!!! Aí sim o cansaço e o stress afloram pois sabemos ser o meio do caminho e teremos que encarar tudo novamente. Apesar de adorar andar de moto, o corpo é maltratado em pontos importantes como punhos e mãos doendo muito, base da coluna, pescoço, pele (exposta a sol, chuva e vento) entre outros e acredito eu que passe talvez um dia inteiro dormindo, em um hotel calafetado, relaxando, de preferência com acesso a uma boa piscina aquecida, a fim de encarar essa volta, podendo recuperar forças e isso é muito importante. Partindo para a parte final da viagem, passarei por trechos já conhecidos e por isso sabendo o que irei encontrar, o que evitar e o que aproveitar e por isso mais a vontade, porém já com saudade da pátria, da família e principalmente da minha cama e chuveiro (pequenos detalhes importantes), portanto é, com certeza a fase de mais mal humor e vontade absurda de chegar, principalmente quando se está aproximando do final, trecho este, o mais perigoso de todos, pois estatisticamente, os acidentes ocorrem quanto mais perto de casa estamos, sendo assim, redobrarei a atenção mesmo passando por locais já conhecidos a fim de chegar em segurança. Para tudo na vida, seja o trabalho, esporte ou lazer é preciso que tenhamos esse combustível essencial que é a motivação, a gana de atingir as metas, a vontade de completar um desafio, seja ele do tamanho que for, pois é assim que nos sentimos vivos e entendemos o motivo de estarmos por aqui. Uma vida sem desafios, quaisquer que sejam, se torna vazia e sem graça, portanto a dica que eu dou é : sofram, suem, briguem, lutem e com isso as conquistas se tornarão muito mais saborosas e prazerosas do que se viessem de mão beijada!!! Finalizando, quando digo as pessoas que irei ao Alaska o ano que vem, de moto, me perguntam : "Por que você não vai de avião??"...adivinhem a minha resposta...eheheheheh
Quando viajo procuro lembrar que meu objetivo é chegar em casa, onde vivem as pessoas que amo; talvez nessa viagem possas lembrar que teu objetivo possa ser sair de Ilhabela e chegar em Ilhabela. O que estiver entre os dois pontos talvez só saibas nos últimos quilômetros chegando ao final. E aí, possivelmente venhas a conversa consigo mesmo, indagando resposta de qual o sentido, o motivo e a razão disto. Talvez aí saibas realmente qual foi tua motivação.. Abraços!